Quando devo aposentar minha corda?

Discussão em 'Equipamentos' iniciado por William Moya, 20/3/17.

  1. William Moya

    William Moya Active Member

    Tenho uma corda Beal Edlinger 10,2mm x 60mt, fez dois anos e meio que escalo com ela, já lavei ela três vezes nesse período, nunca tive uma queda fator II, não existe nenhum ponto de ruptura da malha, e não apresenta nenhum afunilamento de seu diâmetro, mas ultimamente tem apresentando um comportamento diferente nesses últimos climbs, sinto que a capa está deslocada da alma, quando puxo a corda percebo a capa escorregar pela alma.

    isso é normal?
     
  2. Paulo Avila

    Paulo Avila Member

    Quem sou eu para dica para você mestre, mas já mediu sua corda? Me disseram que se ela estiver medindo mais do que o comprimento nominal, por exemplo, 60 m e 5 cm é que há algum problema com ela.
     
    Última edição: 27/3/17
  3. William Moya

    William Moya Active Member

    Excelente beta Paulo, vou arrumar uma maneira de conferir a metragem.
    Eu escalo a dois anos e meio, estou engatinhando nesse universo da escalada.
     
  4. Robert Wullstein

    Robert Wullstein Moderator Moderador

    Sinto em discordar de você Paulo. A corda de escalada e dinâmica, ela se alonga quando exposto a uma força oposta. Uma corda nova pode se alongar até 30% do seu comprimento. Com o uso essa flexibilidade diminue por vários fatores. Um deles, por que após vários alongamentos as fibras não se retraem mais totalmente, portanto o comprimento da corda aumenta um pouco.

    William, você mencionou ter lavado a corda pelo menos três vezes. Se você usou sabão em pó ou outro produto de limpeza ou lavou com água quente, pode ser isso que causou a separação de alma e capa. Segundo a “Mammut” cordas devem ser lavadas sem produto de limpeza, com água fria e sem bater. Para secar deve se deixar a corda aberta, desenrolada num local de sombra. Essas indicações já tem mais de 10 anos. Naquela época as maquinas de lavar roupa batiam com velocidade fixa de 800 – 1000 rotações. Maquinas modernas permitem ajustar a velocidade. Eu não vejo problema bater com no máximo 400 rotações. Eu mesmo já fiz isso e não percebi nenhuma diferença das características. Espero ter ajudado. Abraços
     
    William Moya curtiu isso.
  5. William Moya

    William Moya Active Member

    Não usei nenhum produto químico na lavagem, também lavei na máquina no modo super leve. Um amigo me disse que o uso excessivo do grigri faz esse descolamento da capa com a alma, talvez possa ser isso.
     
  6. Robert Wullstein

    Robert Wullstein Moderator Moderador

    Olá William. Eu uso exclusivamente o Grigri e nunca observei esses problema em nenhuma das minhas cordas. Mas, pode ser relacionada também com a marca da corda. Até agora só usei cordas da New England e Mammut. Não acho que você precisa aposentar a sua corda mas, não ia usar mais em vias tradicionais pois, a resistência de resistir a quedas sobre cantos deve ser comprometida ! Para vias esportivas ainda serve.
     
  7. Rocha

    Rocha Moderator Moderador

    Obrigado Robert, vou pesquisar a compra de uma corda mammut para trad.;)
     
  8. Batata

    Batata New Member

    Aproveitando o tópico, se eu comprar uma corda nova, mas que foi fabricada, por exemplo, em 2014, o tempo de vida útil dela vai ser menor?!
     
    Rocha curtiu isso.
  9. Robert Wullstein

    Robert Wullstein Moderator Moderador

    Olá Batata. Há muitos anos atrás, depois de uma acalorada discussão sobre a resistência de equipamento de escalada, eu traduzi alguns artigos da mais renomada revista de montanhismo (bergundsteigen) em língua alemã. Usei inclusive as imagens do texto original. Anexei a tradução como arquivo pdf. Lá você encontra a resposta para sua pergunta. Peço desculpe para possíveis erros de português !
     

    Arquivos Anexados:

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  10. Paulo Avila

    Paulo Avila Member

    Excelente artigo, livre de vícios de marketing e outras firulas. Aprendi, inclusive, que não deve-se urinar na corda. :)
     
    Andrebaptista curtiu isso.
  11. William Moya

    William Moya Active Member

    Dei boas risadas pensando nos testes de urina rsrs. Normalmente urinarmos perto da corda, principalmente numa escalada tradicional e apenas algumas gotas diminuem consideravelmente a resistência :eek: e fiquei mais surpreso que o uso de uma simples caneta piloto condena a corda :confused:

    Parabéns Robert
     
  12. Batata

    Batata New Member

    Excelente artigo! Obrigado por compartilhar, a caneta piloto foi realmente uma surpresa pra mim, achava que o estrago não fosse tão grande. E sobre a urina, acho melhor urinar com cuidado quando estiver encordado ou proximo de uma corda... E além de tudo ainda esclareceu a minha duvida! Grato!
     
  13. William Moya

    William Moya Active Member

    Frequência de uso (Tempo de Vida Aproximado)

    • Nunca usado (10 anos no máximo)
    • Raramente utilizado: duas vezes por ano (Até 7 anos)
    • Ocasionalmente usado: uma vez por mês (Até 5 anos)
    • Regularmente usado: várias vezes por mês (Até 3 anos)
    • Frequentemente usado: toda semana (Até 1 ano)
    • Constantemente usado: quase diariamente (Menos de 1 ano)

    Tabela e Texto: Cumprimentos de Mammut North America.
     
  14. Robert Wullstein

    Robert Wullstein Moderator Moderador

    Olá William. Todos os fabricante publicam mais ou menos as mesmas informações sobre a “validade” dos seus produtos. Porem, esses dados são meio genérico. Também não se pode esquecer que eles querem vender. Menor a validade das cordas, mais vendas. Seu “Post” me lembrou de um artigo da Revista alemã “Alpin”, que eu salvei alguns anos atrás. E resolvi traduzir para o Forum:.

    Quando cordas velhas se tornam um risco ?
    No outono de 2010, ALPIN "colecionou" velhas cordas entre seus leitores para coletar dados que não existiam antes: como o envelhecimento, não o desgaste, afeta as cordas? Os resultados são incríveis.
    Cerca de um ano atrás, na rubrica do nosso Editor "Olaf esclarece isso", apareceu uma pergunta de um leitor sobre, se ele ainda poderia usar uma corda pouco usada que tinha cerca de 30 anos de idade. Resposta do Olaf: Se a corda fosse sempre armazenada de forma adequada e não houvesse danos reconhecíveis, poderia definitivamente usar a corda no ginásio ou para a escalada esportiva.
    A resposta levou a um clamor dos fabricantes de corda: eles apontaram que não havia evidência empírica, muito menos estudos sistemáticos sobre a durabilidade das cordas.
    Isso nos surpreendeu muito e decidimos fazer esses testes sistemáticos por conta própria. Embora Pit Schubert tenha feito uma pesquisa sobre o envelhecimento das cordas em seu tempo como Presidente da Comissão de Segurançada da UIAA, era sobre como e por que as cordas envelhecem e menos sobre “quanto cordas antigas ainda aguentam”.
    Como parceiro dos testes padrão, Mammut estava do nosso lado e forneceu sua instalação de teste. Na edição de setembro de 2010, pedimos aos nossos leitores que nos enviassem cordas antigas, mas não tão usadas quanto possível.
    Não utilizado, porque deve ser determinado se a Resistência das cordas se deteriora devido ao envelhecimento, independentemente do uso. No entanto, estávamos céticos quanto e se seria possível encontrar algumas dessas cordas. Mas não por muito tempo ! Durante o primeiro dia após a chamada, os primeiros leitores foram ao escritório editorial e trouxeram cordas.
    No geral, a resposta foi enorme, também porque Mammut doou uma nova para cada uma das cordas testadas. Entre as quase 100 cordas do século passado, que finalmente tivemos de escolher, as raridades eram como uma corda de 1975 - sem uso, ainda na embalagem original ! Exatamente o que estávamos procurando. Embora a maioria das amostras de teste não estivesse mais em sua embalagem original, elas raramente eram usadas.

    O teste de acordo com as especificações do padrão atual foi completado por 14 cordas simples. De cada corda, duas amostras foram cortadas, que foram então acertadas no sistema de queda de Mammut com o peso padrão de queda, até que a corda quebrou. No momento da primeira queda, a força de impacto não deve exceder 12 kN (as cordas atuais estão "freando" a 9 kN) e o alongamento máximo é de 40%.

    Os resultados não foram tão surpreendentes para os técnicos. Seis das 14 cordas ainda atenderam as normas da UIAA. Apenas dois não eram mais utilizáveis e outras duas se moviam em uma área de fronteira (ver comentário de Pit Schubert). Com dez das cordas você ainda pode escalar com consciência tranquila.
    Posso escalar com qualquer cordas antiga ? Não, certamente não! Porque o problema é este: eu sei o que foi feito com a corda nos últimos 20 ou 30 anos? As reservas de segurança são definitivamente menores do que de uma corda nova.
    Obviamente, depende também de onde a corda será usada. No ginásio, uma corda sofre pouco desgaste. Mesmo a escalada esportiva, dificilmente levará uma corda próximo ao seu limite. Se o uso se tornar "um pouco alpino", comprar uma nova faz todo o sentido!

    [​IMG]
    Pit Schubert considerado “o especialista” em Segurança nas Montanhas, sobre os resultados da ALPIN :

    Os padrões de corda (DIN e UIAA) exigem cinco quedas padrão para cordas simples. Uma corda que resista a três ou mais quedas de padrão ainda pode ser usada. Mas se as cordas só suportarem duas quedas de padrão, elas devem ser descartadas. Portanto, as cordas simples No. 2 e No. 4 (1975), No. 8 (1987) e No. 13 (Idade desconhecida) não eram mais utilizáveis.
    Todas as outras cordas ainda poderiam ter sido usadas. Naturalmente, há sempre um perigo quando, ao cair, a corda esta sendo forçado sobre uma borda de rocha. É um perigo eminente. Cada corda pode se partir, até uma corda nova. E também cordas gêmeas e cordas duplas. No entanto, quanto mais quedas padrão uma corda suporta, mais ela aguenta a exposição a uma borda de rocha.
    Isso significa que as cordas, que resistiram apenas a algumas quedas-padrão, resistem menos, quando exposto sobre um canto de rocha. Cordas, por outro lado, que suportam dez ou até doze quedas na norma, apenas se partem numa borda mais afiada. Cordas gêmeas ou, melhor ainda, cordas duplas, usadas como tal, são as mais seguras.
    As cordas simples testadas: De acordo com a tabela, as cordas nºs 7, 9, 10, 11, 12 e 14 ainda mantêm o valor prescrito pelo padrão de corda quando novo (pelo menos cinco quedas padrão), embora tenham entre 12 e 24 anos ,
    Em terreno alpino, onde quedas maiores são possíveis devido ao menor número de proteções e, onde existe um risco maior que a corda cai sobre cantos, recomendo o uso de corda gemea ou melhor ainda corda dupla.

    P.S. As tabelas aos quais ele se refere, eu não traduzi. Quem quer saber detalhes sobre cada corda testada pode acessar o artigo original. Clique na tabela – quase no final do artigo – para expandir:

    http://www.alpin.de/sicher-am-berg/7124/artikel_wann_reissen_alte_stricke_.html

    Para entender os termos técnicos da tabela em alemão, use esta tradução (na mesma ordem da tabela, de cima para baixo) :

    Herstellungsjahr = Ano de fabricação
    Durchmesser = Bitola
    Metergewicht = Peso por metro
    Fangstoss = Força de impacto
    Seildehnung = Alongamento dinamico
    Sturzzahl = Numero de quedas
     
    Flavio e William Moya curtiram isso.

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