Escalada Noturna ?

Discussão em 'Relatos de Viagens' iniciado por Rocha, 14/3/17.

  1. Rocha

    Rocha Moderator Moderador

    Foi em Dezembro de 95. Já estávamos acostumados a chegar quase pela manhã no abrigo, descansar duas ou três horas e sair para a Pedra. Dessa vez, ao chegar ao abrigo, descarregamos nossas coisas e:
    _ Fábio, vamos mesmo ?
    _ Já fomos. É só botar as mochilas nas costas.
    _ Duda, se prepara !
    _ Pra quê ?
    _ Aquela escalada noturna que falamos.
    Saímos os três do abrigo às cinco horas, com o objetivo de fazer a Cresta, uma via clássica, fácil e a mais rápida para bivacar no topo da Pedra. Chegamos ao topo do Bauzinho, com a manhã já se insinuando. Havíamos nos atrasado para sair de Sampa. Encadeirar, reconferir os equipos e iniciar o rapel na Normal do Bauzinho, para chegar ao Baú (desculpem-me os que não conhecem o Baú, um dia ainda coloco o descritivo dele - ou dela? - numa Home Page).
    Precisamos dos Headlamps somente até chegar ao início da via. A Pedra estava seca, e a luminosidade era suficiente para escalar sem problemas. Cada um de nós; guiou um lance, mas por algum motivo gastamos mais tempo que de costume.
    Pegamos a trilha para o cume, e lá esticamos os isolantes térmicos. Foi então que descobrimos o quanto os fabricantes de isolantes e sacos de dormir se entendem. Estando num ponto um pouco mais inclinado que aqueles onde costumamos acampar, nenhum saco parou sobre os isolantes. Nos ajeitamos como pudemos (o Duda "escorregou" uns dez metros, até se encaixar numa depressão da pedra), e aí começou outro problema. O sol esquentava os sacos (não havia nuvens), e depois de tanto trabalho para conseguir que parassem de escorregar, tivemos que dormir fora deles, visto que até SOB os mesmos estava um calor insuportável. Meia hora depois, aparece um pessoal de São Bento:
    _ Ih, olha aí, tem gente dormindo por aqui.
    Era um pessoal que veio fazer levantamento das condições dos ferros no topo para planejar uma reforma na grade de proteção (é só psicológico, por mim). Hoje, pode-se ver a grade, toda pintada em amarelo, estando no Bauzinho.
    E não deu para dormir mais. Dez minutos depois o nosso pessoal despontou no Bauzinho, e então descemos para encontrá-los e comer algo. Aqui passamos o melhor do dia. Fizemos um rapel desde o topo até o final da via Normal. São cerca de trinta metros, mas ao olhar para baixo, temos quase duzentos até o chão. Enfim, da escalada noturna ganhamos algumas picadas de insetos, umas áreas vermelhas queimadas pelos sol (verão, pô), e aquela sensação gostosa de ter feito algo fora do convencional. Afinal, qual o montanhista que não gosta de fazer algo diferente ?

    Por: Massa
    Fonte: http://www.reocities.com/yosemite/6474/bau01.htm
     

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