11 de Março de 2017 sábado 8:30 camping base em Itatiaia - RJ Eu e meu brother Jeff partimos logos após o café para Prateleiras, formação rochosa muito singular, nosso objetivo foi escalar a chaminé Idalício, são quatro enfiadas de uma escalada praticamente fácil sendo 3 grau com crux em IIIsup, E3 D1 150m. A aproximação é fácil, são cerca de 3 quilômetros de uma trilha muito agradável a qual fizemos em uma hora. Quando chegamos próximo a fenda, existia ali naquele momento um paradoxo climático, vou tentar explicar, a Prateleiras fica no topo de uma grande serra, olhando para a chaminé ela estava encoberta por uma neblina, mas do lado esquerdo estava claro e ensolarado, em resumo... coisa de 100 metros, de um lado quente e claro, do outro escuro, nebuloso e frio e onde justamente é o local da escalada. Primeira enfiada Ansiosos para escalar, nos equipamos rapidamente. A primeira enfiada tem uma sequencia de grampos onde se escala em artificial usando estribos, o primeiro grampo está alto e parece difícil de proteger, mas é só subir na laca e pegar em uma agarra invertida meio escondida na fenda e pronto. A sequencia de grampos segue no negativo, tudo muito fácil, pois não estão muito distantes um do outro. Terminando o lance em artificial tirei as botas e coloquei a sapatilha, nesse momento meu ombro esquerdo teve uma forte câimbra, foi ombro mais exigido, pois a via sai da esquerda para a direita, após me recuperar, começa o lance do entalamento, este é o mais loko de toda a via, pois como ela está levemente no negativo e quer te jogar para fora, a chaminé é tão estreita que não consegue virar a cabeça para os lados, em um grande esforço, usando todo seu corpo, você tenta progredir e quanto mais você sobre a chaminé ela vai se abrindo e vai ficando mais fácil, olhando para cima tem uma pedra entalada, eu preferi ir por fora, saindo da chaminé, pois por dentro acho ser impossível passar pelo buraco que deve ter uns 50cm x 50cm, lance loko, vencedo o lance por fora, segurando a pedra por fora e rezando para ela não se mover, é fácil matar o lance e chegar na primeira parada. Fazendo a segurança do Jeff, ele passou os lances em artificial rapidamente, chegou a hora mais engraçada da trip.... a de se entalar na chaminé, kkkkkkkkk como foi divertido ver ele brigando com a rocha para tentar se entalar, parecia que ele estava dentro de um saco com uns sete gatos nervosos, kkkkkkkk, por mais que ele tentava ele não conseguia se entalar, a dificuldade dele foi tanta que pensei que a escalada ia acabar por ai, nossa amizade me permite sem pudor nenhum rir a vontade em ver o sofrimento dele, kkkkkkkkkkk, a final não estávamos correndo risco nenhum de se machucar. Depois de muita ralação, cerca de uns trinta minutos se passaram para ele avançar dois metros, chegou na parada todo arranhado, molhado pelo suor, foi um guerreiro e não fugiu da luta, tamanha persistência foi necessária para o vinha a seguir. Segunda enfiada A chaminé continua ainda muito estreita, quase que não é possível virar o corpo sem que os dois ombros encostem nas paredes, deve ter uns 40cm ou 50cm, mas é um alivio comparado com o entalamento abaixo. Existe cerca uns oito metros acima uma pedra entalada no meio da chaminé, o P está acima dela, para nossa decepção, uma das paredes estava molhada, mas isso não nos desmotivou como era a vez o Jeff guiar, ele se enfiou mais para dentro da chaminé, e subiu um pouco e colocou um friend, subiu mais um pouco e com muita dificuldade colocou um nut, todos bombas, mas ainda restavam uns 2 metros que não conseguiu vencer, trocamos as pontas das cordas e subi, como estava molhado e escorregando, segurei na costura e fui avançando, logo acima segurei na rocha e paguei uma barra e matei o lance chegando no P. Como o Jeff disse, por estar molhada a escalada estava muito difícil. Segurança pronta o Jeff subiu rapidamente. Terceira enfiada Como tudo estava fácil né, e para nos ajudar, uma neblina entrou na chaminé, esta ficou mais escura e fria, isso nós deu uma energia para acelerar, entramos mais dentro da chaminé subi com as costas na parte molhada, e entalei um nut bomba, passei um trepa pedra e com uma fita, lacei uma pedra, inverti o corpo e coloquei os pés na parte molhada, subi uns 2 metros e de repente escorreguei, coisa pouca, consegui travar, mas desescalei pois o psicológico foi embora, chamei o Jeff que rapidamente chegou onde estava, guiou esse lance, mas com as costas na parede molhada, foi tenso mas ele mandou o lance com dois friends bombas. Se arrastou para o fim da chaminé e entalou outro friend e me fez seg. Essa parte me lembra a chaminé arranca botão na via Teixeira do Dedo de Deus, muito apertada, pisei no joelho do Jeff e com muito custo subi, depois tudo ficou muito fácil e cheguei no P Quarta enfiada Agora eu fiquei com medo, até aqui os perrengues estavam divertidos, mas agora com ambas paredes molhadas a coisa mudou de figura, a neblina se foi e dava para ver o céu azul e vozes das pessoas no cume. Última e a mais fácil das enfiadas, pois a chaminé fica levemente positiva, uma das paredes tem muitas pegadas, pés, da para fazer sem apoiar as costas, escalar direto na parede, mas estava todas babada, musguenta, toda verde, tentei subir mas não rolou, Jeff tentou mas não dava. Depois de muito, vai não vai, vai não vai, mas como esticar um E3 com ambas paredes molhadas? Não foi fácil ouvir a voz da razão e descer. Hoje o dia foi da montanha e quando ela permitir.... retornaremos.