Pode isso Robert? VI

Discussão em 'Discussões Gerais' iniciado por William Moya, 5/2/19.

  1. William Moya

    William Moya Active Member

    Pode isso Robert?
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  2. Robert Wullstein

    Robert Wullstein Moderator Moderador

    Essa algazarra de costuras me lembra a mitologia sobre Alexandre o Grande. Segundo uma profecia quem desatasse um enorme nó no templo de Zeus (Nó de Gordio), considerado impossível de abrir, recebia a coroa do Reino de Frígia. Alexandre tirou a espada e cortou o nó no meio. Mas, não vamos fazer isso com essa parada. Parece ser mesmo montado assim para intrigar alguém. Em primeiro lugar os dois estão sem capacete. No último tópico o Bispo chamou a minha atenção por que esqueci de mencionar essa questão. Na escalada tradicional precisamos improvisar frequentemente. Acho que muitos de nos, já improvisaram uma parada com duas costuras mas, isto aqui é algo inusitado. Essa parada oferece algum perigo ? Isso depende para que vai ser usada. Se for usada para descansar, como mostra a foto e, depois para descer, passando a corda pelos grampos, não há risco. Porem, se for usada para da segurança para alguém que vai tocar a via pra cima, será como jogar roleta russa. Observe que aquele escalador que esta com a corda, fixou a solteira numa costura que esta encaixada em cima do gatilho da costura clipada no grampo esquerdo, que se conecta com a costura do grampo direito (é até difícil de descrever essa bagunça). Basta uma quedinha de pouco mais de um metro para arrancar o gatilho fora. Portanto, esquece o grampo direito, na configuração da foto não oferece segurança ! Porem, ele ainda esta preso com um nó volta do fiel, através de uma costura no mosquetão da solteira do parceiro (!?!). Agora vamos supor o pior cenário. O escalador passa a corda por uma costura guia no grampo esquerdo e continua a escalada. Antes de alcançar a primeira proteção, 4m em cima da parada ele sofre uma queda, o que corresponde a uma queda fator dois. O grampo esquerdo pode sofrer um impacto entre 7-10kn. Segundo a norma da UIAA, cordas de escalada podem transmitir uma força de impacto de no máximo 12kn. Entretanto, cordas moderna costumam alcançar valores entre 7-9kn. Não podemos esquecer que, esses valores valem para cordas novas. Com o uso a corda perde a capacidade de absorver energia. E, uma corda muito usada, próximo a “aposentadoria” transmite forças maiores para o escalador e sobre o sistema de segurança. O grampo vai aguentar ? Talvez sim, talvez não. Em 2007, Marcelo Roberto Jimenez e Miguel Freitas, do Club Excursionista Carioca, realizaram um estudo sobre a resistência dos nossos grampos. A carga de ruptura ocorreu com forças em torno de 13 kn mas, a pesquisa foi realizada no laboratório da PUC em condições ideais com grampos novos de qualidade. No mundo real a situação é outra. O conquistador não mediu a profundidade, o grampo não encosta na rocha, o ferreiro fez um Tarugo maior do que o normal. Ambos as condições criam uma alavanca, que aumenta a força do impacto. Grampo e rocha sofrem erosão, o que reduz a resistência da proteção. A resistência das proteções da mesma via podem variar. Chutando eu diria que grampos de 1/2”, que já estão na rocha há muitos anos porem, em bom estado, bem colocado, devem aguentar algo em torno de 8 – 13 kn. Por que, se a resistência fosse inferior, já teriam ocorrido falhas de grampos com mais frequência. Voltando a foto. Quando se cria um ponto de descanso deve-se montar uma equalização. Como o nome sugere, ela equaliza as forças entre as ancoragens.
     

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