Deixei o freio cair... E AGORA?

Discussão em 'Discussões Gerais' iniciado por Rocha, 8/9/16.

  1. Rocha

    Rocha Moderator Moderador

    1.jpg Você já deve ter ouvido histórias ou até já pode ter passado por essa situação, um descuido e seu freio ou do parceiro de cordada chega à base antes que todo mundo.

    E aí, o que fazer? Pense que na pré-história da escalada os freios não existiam, os "antigos" desciam utilizando o rapel clássico, um procedimento pelo qual se necessita apenas de corda para executar a descida. Hoje em dia, mesmo que você perca seu freio, esta técnica não é recomendada, visto que ainda restarão mosquetões, com os quais será possível improvisar outros métodos muito mais seguros.

    No entanto, como se trata de termo que se ouve com frequência, também vamos mostrá-lo aqui como uma curiosidade histórica, ou para ser usado naqueles dias em que todos os espíritos da montanha estiverem contra você e só te restar a corda.

    Abaixo, além do rapel clássico, mostramos alguns outros métodos interessantes para o seu dia de má sorte. Importante lembrar que os mesmos devem ser treinados, pois muito provavelmente você não andará com essa página na sua mochila para um curso rápido, caso seu freio caia. E não esqueça do backup, seja qual for a sua preferência, machard, prusik, backman... em cima, embaixo... use!

    Rapel Clássico
    Para se executar esse tipo de descida, o escalador deve:

    [​IMG]Passar a corda no meio das pernas, trazê-la para frente laçando uma coxa e jogá-la por cima do ombro oposto.

    [​IMG]Feito isso segura-se a corda que desce pelas costas com a mão do mesmo lado da coxa laçada (inverso ao ombro).

    [​IMG]A descida é controlada com o atrito da corda com o corpo, especialmente a região da nádega e do ombro/pescoço.

    Deve-se certificar de que está com uma BOA proteção no conjunto ombro/pescoço. Se acaso não estiver, pode terminar a descida com uma bela queimadura por atrito de corda.

    Especial cuidado deve-se tomar com as cordas molhadas, pois apesar de não ter problema de atrito (não fica mais lisa como muitos pensam), a sujeira (areia, principalmente) que gruda na corda pode estraçalhar a roupa com uma facilidade incrível.

    Como foi dito antes, existem técnicas bem mais seguras que esta, evite-a sempre que puder.
    2.jpg

    Nó UIAA
    O UIAA é bastante confiável, desde que feito corretamente, basta um mosquetão para que você consiga rapelar com este método.
    3.jpg 4.jpg 5.jpg 6.jpg 7.jpg 8.jpg
    O resultado final com a corda dupla seria este:
    9.jpg
     
    Última edição: 8/9/16
    Johano Enhiko curtiu isso.
  2. Rocha

    Rocha Moderator Moderador

    MOSQUETÕES CRUZADOS (YOSEMITE)

    Este método é muito eficaz e proporciona uma descida bastante suave. São necessários de dois a quatro mosquetões, que podem ser obtidos desmontando uma ou mais costuras. Quanto maior o número de mosquetões, maior o poder de frenagem (atrito). Para montá-lo siga os passos abaixo:
    99.jpg 10.jpg 12.jpg 14.jpg 15.jpg

    Atenção na hora de desmontar o freio, faça na ordem inversa da montagem, para não deixar os mosquetões caírem.
    Mais uma vez, para melhor visualização, foi mostrada a montagem de um sistema com corda simples, em um rapel usual, descendo de uma via, teremos que montar o freio com as duas pernas da corda, como na foto.
    16.jpg
     
    Johano Enhiko curtiu isso.
  3. Rocha

    Rocha Moderator Moderador

    FREIO DINÂMICO (GRI-GRI, SUM, CINCH...)

    Se por um acaso do destino, tudo o que restou no seu rack foi seu gri-gri, não se desespere, também é possível descer com ele de maneira segura. Faça o seguinte:

    [​IMG]Passe a corda normalmente na ancoragem até alcançar seu meio.

    [​IMG]No meio da corda faça um nó, pode ser o oito, azelha ou fiel.

    [​IMG]Prenda um mosquetão nesse laço, deixando-os de um dos lados da ancoragem.

    [​IMG]Passe a outra perna da corda nesse mosquetão.

    [​IMG]Desça com seu freio dinâmico. Quando a corda é tensionada, o nó será puxado para o ponto de ancoragem, travando o sistema.

    [​IMG]Chegando ao final da descida, puxe a corda que está com o nó e o mosquetão deslizará pela corda.

    O esquema abaixo ilustra bem o procedimento:
    18.gif
     
    Johano Enhiko curtiu isso.
  4. Rocha

    Rocha Moderator Moderador

    ".......A maioria dos acidentes em escalada ocorre devido a erros humanos. Os fatores que definem o acerto ou o erro na maioria dos acidentes são o nível de conhecimento, a experiência e a competência do escalador em realizar o melhor julgamento da situação específica em que se encontra. Saber avaliar uma situação de risco e utilizar os melhores meios disponíveis naquele momento para sair de uma roubada é uma habilidade/competência indispensável que todos nós devemos buscar constantemente." Silverio Nery

    Fontes:
    Half Dome
    Blue Ridge Moutain Rescue Group
    Twiki
    Revista Fator 2 - Número 24 (2004)
    Chockstone
    Climbing Life
     
    Johano Enhiko curtiu isso.
  5. Rocha

    Rocha Moderator Moderador

    Rapel de emergência

    Também poderia ajudar a usar uma lista de métodos históricos de rapel. Um certo número destes métodos foram utilizados regularmente em tempos anteriores. Hoje em dia esses métodos de rapel são utilizados apenas em situações de emergência em que você se encontra depois de uma série de eventos infelizes em uma situação sem equipamentos para o rapel, e com apenas uma corda disponível para você. Isso pode ser bastante improvável, mas é uma boa ideia saber e dominar vários desses métodos. Primeiro de tudo, se algum equipamento permaneceu com você, você pode fazer uma cadeirinha de assento improvisado a partir de uma fita e com um mosquetão usando um nó UIAA Munter é possível realizar o rapel com maior segurança. Destes métodos o mais importante é o chamado rappel Dülfersitz, mesmo que não é, de longe, o melhor.

    dulfer2_cb.jpg
    Rapel usando o rappel Dülfersitz.

    Rapel com a corda em torno de seus braços. Ele é usado apenas em terreno fácil e de menor risco.

    slanruce_cb.jpg
    rapel braço

    Método Sul-Africano

    O método Sul Africano, também conhecido como o double-corda ou método neoclássico. Ela ganhou popularidade principalmente porque a corda machuca menos o corpo quando se utiliza este método. Ele pode ser usado somente quando você tem uma corda meada ou dupla (quando você está rapel ao longo de dois fios de corda). Durante o rapel, o mais vertical do terreno em que você se encontra, a corda que vem de cima é deslocado até a área das axilas e da passagem da corda atrás das costas é deslocado mais elevado em uma posição onde ele suporta a parte de trás bem e proporciona resistência .

    krizsed_cb.jpg
    Montagem do rappel Sul Africano.

    Fonte: http://www.mountaineeringmethodology.com/emergency-rappelling/
    Tradução: Google
     
    Última edição: 30/11/16
    Johano Enhiko curtiu isso.
  6. Paulo Avila

    Paulo Avila Member

    Eu achava que a única coisa que não dava para fazer com o grigri era rapelar. agora sei que até isso é possível.
     
  7. João Luiz

    João Luiz Member

    FB_IMG_1526821169377.jpg
     
    Johano Enhiko curtiu isso.
  8. Andrebaptista

    Andrebaptista Moderator Moderador

    Testando o Rapell Clássico em 1984, nas Prateleiras... Como dito, existem alternativas bem mais seguras (e que esfolam.bem menos!) PSX_20180522_174934.jpg
     
    Johano Enhiko curtiu isso.

Compartilhe esta Página